Se você chegou até aqui, é porque, por alguma razão, tem interesse em saber mais sobre o autismo.
Vale lembrar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta como principais manifestações:
Desenvolvimento atípico.
Repertório restrito de interesses.
Déficits na comunicação e na interação social.
Padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados.
Nos últimos anos, acompanhamos um crescimento significativo no número de crianças diagnosticadas com TEA. Isso se deve, em parte, ao avanço científico nessa área, permitindo a definição de critérios diagnósticos que auxiliam na identificação até dos quadros mais leves.
No TEA, os níveis de comprometimento e manifestação são variáveis. A própria nomenclatura já nos diz que se trata de um espectro, logo, apresenta diferentes níveis ou graus de comprometimento, mesmo com características comuns.
Neste texto, explicaremos como essa classificação é feita atualmente e quais são os desafios na intervenção fonoaudiológica nos diversos graus de autismo. Continue lendo!
Classificação do Transtorno do Espectro do Autismo
Não é de hoje que a ideia de se classificar o TEA em graus existe. Na verdade, ela vem sendo desenvolvida e aprimorada há muitos anos, com base em avanços científicos na área.
Existe um manual para que profissionais compreendam os termos e classificações referentes ao TEA e a outros transtornos: o DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
De tempos em tempos, ele é atualizado por profissionais e pesquisadores das mais diversas áreas. Assim, após anos de discussão e estudos, surgem novos consensos a respeito dos critérios diagnósticos que melhor se aplicam a cada uma das patologias.
Em relação ao TEA, acompanhamos uma mudança muito importante entre o DSM-IV (1994) e o DSM-V (2013).
Provavelmente, você já deve ter ouvido falar na Síndrome de Asperger, não é? Essa nomenclatura era proposta pelo DSM-IV para se referir às pessoas com níveis mais leves de TEA.
Outros nomes eram utilizados para se referir a outras condições relacionadas ao autismo, como:
autismo infantil;
Transtorno Desintegrativo da Infância;
Transtorno Invasivo de Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
Com o lançamento do DSM-V, uma nova forma de classificação passou a ser utilizada. A partir dele, o autismo passou a ser conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo, e os graus foram definidos a partir dos níveis de apoio ou suporte que a pessoa com TEA deve receber. Vamos ver como ficou:
Nível 1: Leve — necessidade de pouco apoio
Pessoas com esse nível apresentarão dificuldades no que diz respeito à interação e comunicação social, mas não necessitam de tanto apoio.
Ademais, terão dificuldades para estabelecer relações sociais e respostas atípicas às mais diversas situações, além de interesses restritos.
Essas pessoas podem ter bom desempenho acadêmico e profissional, desde que recebam o suporte necessário, apesar de apresentarem dificuldades no que se refere a:
organização;
autocuidado;
planejamento de tarefas.
Crianças no nível 1 podem ter muita dificuldade no processo de aquisição de fala, linguagem e socialização com outras crianças, portanto a intervenção precoce nestes casos é indispensável.
Nível 2: Moderado — necessidade moderada de apoio
Pessoas com nível moderado de TEA necessitarão de maior apoio para o desenvolvimento de habilidades de interação e comunicação social.
A comunicação não verbal está muito comprometida, assim como o comportamento, que tende a estar mais alterado com:
padrões restritos e repetitivos
dificuldades crescentes no planejamento de tarefas e adaptação a diferentes estímulos.
Portanto, para que pessoas com esse nível de TEA possam desenvolver suas potencialidades, o suporte fornecido deve ser maior e iniciado de forma precoce.
Nível 3: Severo — muita necessidade de apoio substancial
Aqui temos pessoas que necessitarão de muito suporte para tarefas mais simples do dia a dia, como as de autocuidado.
A interação social é muito restrita e, com relação à comunicação, aqui são incluídos muitos dos casos não verbais — que não chegam a desenvolver a comunicação por meio da fala. As alterações de comportamento são limitantes e a necessidade
de suporte é quase total.
Desafios da fonoaudiologia na intervenção do autismo
Como podemos perceber, embora tenham origem em características comuns, os graus de manifestação são bastante variáveis no TEA, representando um grande desafio para o diagnóstico e intervenção com essas crianças.
Nesse contexto, o fonoaudiólogo deverá compor uma equipe de profissionais que atua em todo esse processo e, de preferência, de forma precoce.
Mas vale a pena lembrar: somente um profissional capacitado e especializado saberá explorar todas as habilidades da criança de modo a favorecer sua independência e autonomia. Para isso, ele deve saber:
selecionar a melhor forma de avaliação para chegar aos objetivos da intervenção;
saber selecionar o melhor método de intervenção, adaptado a cada criança e etapa do seu desenvolvimento;
orientar a família e desenvolver um trabalho paralelo com a escola e demais profissionais atuantes no caso.
Se você quer ser esse profissional, venha conhecer os cursos da TK sobre o assunto! Temos uma formação mais do que completa que ajudará a compreender esse diagnóstico e te preparar para atuar com ele.
